Ela estava sozinha, oh Olivia, sentada nos fundos de um apartamento alugado, bebendo um café que queimava sua garganta fazendo com que seus olhos gritassem de dor, a luz falhava, alternando, os grilos faziam sua orquestra infernal noturna, como forma de tortura, eles pareciam dar uma festa, ao seu lado, havia um telefone, olhou por várias vezes na esperança de ver a luz vermelha se tornar verde e abrir as portas de seus ouvidos para uma campainha estridente que a faria sorrir e pular da cadeira, — “Não vai tocar, não vai tocar, não vai tocar...”, repetia essas três palavras de forma automática, levantou-se e foi até a pia, ligou a torneira e levou a água até o seu rosto, estremeceu com o choque térmico do frio com a sua pele quente, abriu os olhos e eles arderam, secou o rosto com um pano qualquer e retornou para a mesa com seu café agora quase frio, a torneira então começou a pingar, não sentia a vontade de se levantar para acabar com mais aquele barulho infernal, permaneceu ali olhando fixamente para o telefone, vendo e revendo momentos bons e ruins na sua cabeça, “ploc, ploc, ploc...” gota por gota, se tornando cada vez mais lenta assim como os segundos que se passavam, doloroso, “tic, tac, tic, tac...”, mais quinze minutos.
Na porta dos fundos, havia uma tela transparente que possibilitava uma pequena visão da lua, barrada por prédios e outdoors, observou-a, perdida em seus pensamentos novamente, se assustou com o barulho de um gato buscando alimento dentro do lixo, suspirou e voltou a olhar para o telefone pela última vez. O silêncio invadia seu corpo, o brilho dos seus pequenos e puxados olhos castanhos escuros apagaram, uma lágrima rolou por sua bochecha fria e pálida que logo ficaria corada pelo sangue que subiria, pela frustração. Dirigiu-se ao quarto, desejou sumir, dormiu.
Postado por
a ndy -
0 comentários:
Postar um comentário