Às vezes dói, lateja e destrói, outras vezes se esconde e finge não existir, ela queria não sentir, sumir e fazer com quem se sentissem melhor com isso,
Recentemente perdera uma amizade, escutara coisas que não queria ouvir, teve medo, andou perdida pelas ruas, aguentou o frio e a dor, esqueceu a fome, tentou fazer o mesmo com os sentimentos que ali habitavam que tanto a machucavam e afastava quem ela queria por perto, ela queria morrer, não importava se fosse sinônimo de fraqueza, ou se não fosse certo naquele momento, não importava se houvesse problemas maiores, ela queria fugir, desesperadamente ela engolia o choro pela garganta abaixo como uma comida que você não quer comer, mas te empurram, as lágrimas ficavam entre a linha tênue de onde seu lápis de olho já havera passado, as coisas regrediram e ela viu tudo voltar, só não queria perdê-lo.
Era fim de tarde, as folhas balançavam com o vento das 17:00, ela, corria, singela
em seu longo vestido branco que passava de seus joelhos machucados e sujos,
brincara a tarde toda, os cabelos desgrenhados, o rosto suado, o olho puxado.
O sol já não brilhava tanto como naquela amanhã, mas ainda guardava o doce e suave aroma
de alegria, eram crianças, sorrisos sem dentes, gritos e risadas enchiam o pátio do colégio,
naquela tarde.
Em um lado, um pirata, encostado com sua espada, resistente e corajoso, um garoto.
Do outro, ela, uma princesa, tímida e meiga, sorria, uma garota.
O fim chegara, era hora de partir, timidamente ela se dirigiu ao garoto, e pegou sua bolsa que
Estava ao lado dele, ouviu-se um barulho, quase um sussurro.
― tchau andressa!
Uma troca de olhares, ela se foi.
Sistema repetitivo, tudo igual, tão banal. Sem razão ando em rumo a lugar desconhecido, procurando uma saída para o diferente, porém, para onde olho vejo sempre semelhança, um espelho que não há como quebrar. Enlouqueço sem saber o que fazer, tentei fugir ou desistir, agredir, nenhum me pareceu a solução, quis chorar, arrebentar, estraçalhar, a raiva agora me sobe a cabeça enquanto procuro sem nexo essas palavras em minha mente, que vagam tentando encontrar um sentido em minha frase, um espaço em meu texto. Talvez se terminar esse texto sem um final concreto, obtenha algum êxito...
Mas quem sabe até isso já tenha se tornado comum.
Ela estava sozinha, oh Olivia, sentada nos fundos de um apartamento alugado, bebendo um café que queimava sua garganta fazendo com que seus olhos gritassem de dor, a luz falhava, alternando, os grilos faziam sua orquestra infernal noturna, como forma de tortura, eles pareciam dar uma festa, ao seu lado, havia um telefone, olhou por várias vezes na esperança de ver a luz vermelha se tornar verde e abrir as portas de seus ouvidos para uma campainha estridente que a faria sorrir e pular da cadeira, — “Não vai tocar, não vai tocar, não vai tocar...”, repetia essas três palavras de forma automática, levantou-se e foi até a pia, ligou a torneira e levou a água até o seu rosto, estremeceu com o choque térmico do frio com a sua pele quente, abriu os olhos e eles arderam, secou o rosto com um pano qualquer e retornou para a mesa com seu café agora quase frio, a torneira então começou a pingar, não sentia a vontade de se levantar para acabar com mais aquele barulho infernal, permaneceu ali olhando fixamente para o telefone, vendo e revendo momentos bons e ruins na sua cabeça, “ploc, ploc, ploc...” gota por gota, se tornando cada vez mais lenta assim como os segundos que se passavam, doloroso, “tic, tac, tic, tac...”, mais quinze minutos.
Na porta dos fundos, havia uma tela transparente que possibilitava uma pequena visão da lua, barrada por prédios e outdoors, observou-a, perdida em seus pensamentos novamente, se assustou com o barulho de um gato buscando alimento dentro do lixo, suspirou e voltou a olhar para o telefone pela última vez. O silêncio invadia seu corpo, o brilho dos seus pequenos e puxados olhos castanhos escuros apagaram, uma lágrima rolou por sua bochecha fria e pálida que logo ficaria corada pelo sangue que subiria, pela frustração. Dirigiu-se ao quarto, desejou sumir, dormiu.
Eu sinto sua falta... por mais que pareça que não, por mais que eu te ignore e olhe pro lado quando você passa, eu sinto sua falta. Eu me lembro do que passamos, eu me lembro de tudo, cada lembrança que hoje me faz querer chorar ao lembrar delas, eu achei que ficaria bem ao te deixar ir, sem saber porque você resolveu partir, mas me enganei, uma breve falha humana, que não sei mais como reverter.
Eu queria que o tempo voltasse, que as palavras surgissem e te fizessem esboçar um sorriso, aquele velho sorriso, que me deixava tão feliz quando tudo parecia errado, que te fizesse me abraçar, que conseguiria tirar esse vazio do meu peito.
Com carinho, Andy.
Eu não sei o que fazer e muito menos o que pensar. Meus pensamentos foram todos desperdiçados em você, minhas tentativas convertidas em arrependimentos. Minhas lágrimas expressam o que mais sinto neste momento, dor. Uma vontade incontrolável de mudar, desesperada, é minha chance, é preciso.
Escute-me, por favor, eu imploro, estou morrendo, fui jogada ao chão e não encontro forças para me levantar. Eu gritei, acho que ninguém escutou, eu fechei todas as portas e me encolhi, para onde foi toda a minha felicidade?
Caso não note, Isto é um pedido de socorro, pois não sei mais por quanto tempo vou aguentar, segure minha mão e entrelace nossos dedos, quem sabe assim me sinta protegida, e então consiga seguir, encarando meu coração quebrado, meus erros, meus defeitos, mas novamente, voltando a viver.
Eu não consigo encontrá-lo, olho nas ruas, nos olhares e sorrisos das crianças, desapareceu. Espantou-se com tanta maldade e violência, com tanto ódio e amargura, que decidiu procurar um refúgio onde às pessoas não o maltratassem nem o jogassem fora. Sozinho, voou.
Sorte daqueles que o encontram às vezes vagando perdido, um em um milhão. O amor é algo que ultrapassa as leis da razão, ninguém foi capaz de dizer até hoje porque ele existe ou como acontece, explicar o que sentimos e porque lutamos tanto, mas de uma coisa temos certeza, sem ele, não duraríamos um dia.
Faço um apelo, a todos, que pensem no que estão fazendo, afastando o que é bom e só pensando em dinheiro, futilidades. Quando o que mais precisamos, é invisível aos olhos, acredite, não chegaremos a lugar nenhum.
"you say that i take it too hard, and all i ask is comprehension" [bleeding heart - angra]
Jamais havia sido tão feliz, há tanto tempo não se sentia tão livre, deitado no gramado olhando para o céu azul, o sol brilhava fraco, já se pondo e trazendo consigo a lua e as estrelas, os problemas indo embora e um clima risonho pairava no ar. Por já ter passado por tantos problemas, se esquecera como uma tarde de sol podia fazer com que a sua infância voltasse, sem problemas, como naquela época.
- minha máquina do tempo. Nossa máquina, não é mesmo garoto?
Sussurrou Guilherme para seu cachorro, Rick, que também deitado a grama, brincava com um girassol que teimava em fugir de suas patas ameaçadoras.
Era guarda, não muito importante, nunca participara de perseguições ou assaltos milionários, pois o máximo que conseguira foi averiguar um assalto na padaria de senhor Almir, o ladrão só levou laranjas, ‘talvez estivesse com gripe’ lembrou ele e riu. Passava por tempos difíceis, corria o risco de perder o trabalho por ser tão irresponsável, assim como perdera sua última namorada, o grande amor da sua vida, afirmava ele, nunca conseguiu encarar isso de frente, não conseguia superar.
Mas como você sabe meu caro leitor, a vida nos dá sempre uma nova chance.
Levantou-se ao ouvir um estrondo, um barulho forte que parecia vir não muito longe dali, Rick latiu e correu para o leste, o dono o seguiu ofegante, pois por mais que fosse jovem, o sedentarismo, as bebidas e o cigarro o haviam deixado naquele estado, no qual ele não cansava de repetir que era deplorável e que tinha que mudar o mais rápido possível.
Logo adiante, vira uma árvore, grande, forte, atrás dela um carro, era comum que motoristas bêbados perdessem a direção e saíssem da estrada, pensou gui, como os amigos o chamavam. Rodeou o carro com os vidros não muito escuros e fechados, para tentar ver o causador do acidente, se assustou, estivera esperando um homem velho, segurando uma garrafa, inconsciente demais para ao menos se quer dizer seu nome, no lugar dessa figura, uma moça, morena e aparentemente não muito machucada ou bêbada, os olhos inchados indicavam que andara chorando. A frente do carro estava um pouco amassada, mas as portas estavam em perfeito estado; Bateu, gesticulou algo que pareceu um ‘está tudo bem?’ e pediu para que ela destravasse as portas; nunca tinha se pegue tão nervoso com uma mulher, ignorou, viu no momento em que ela balançou a cabeça para cima e para baixo em sinal de afirmação, levantou o pino da porta e tombou para trás, ele abriu o carro com o maior cuidado e a retirou de dentro, sentou-se debaixo da árvore, ficaram ali, a escuridão cobria todo o céu que havia sido azul, o cachorro encarava os dois com curiosidade e Guilherme, bem, ele apenas a segurava junto a si, protegendo-a do frio e esperando que acordasse e lhe dissesse seu nome. Se sentia bem com ela, apenas isso importava naquele momento.